Jogo de cintura

Aqui em Minas temos 3 times mais relevantes: América, Atlético e Cruzeiro (em ordem alfabética pra não dar briga). Meu pai é americano, eu, atleticana.

No domingo haveria um clássico: Galo X Cruzeiro. Seu Vicente entrou num bolão e apostou 1 X 0 para o Cruzeiro.

Aquilo me deu uma raiva!

–       Credo, papai! Torcendo pro Cruzeiro?

Com a voz mais doce do mundo ele respondeu:

–       Ô minha filha, tô torcendo mesmo é pro Galo, eu só quero o dinheiro.

O importante é vencer

Seu Vicente, sobre o seu time de coração:

– O América perdeu de novo… Ele tava indo tão bem na segunda divisão. Agora que passou pra primeira, só perde. Podia ter continuado na segunda…

Seu Vicente e o América

Impossível esquecer a primeira vez que fui a um estádio de futebol com meu pai. Ele é torcedor fervoroso do América Mineiro, mas nunca fanático, porque essa palavra não combina com a classe e elegância do Seu Vicente.

Enquanto eu procurava as minhas piores roupas para assistir ao jogo, lá estava ele prontinho com sapato de couro e cinto combinando, camisa de botões e calça jeans, afinal, jogo pede uma indumentária mais casual.

Chegando ao estádio, não quis que as suas duas filhas ficassem na arquibancada e foi logo comprando cadeira cativa. Ele cumprimentava todos os torcedores com um aceno, muitos conhecidos e outros só por educação mesmo, a torcida do América é extremamente educada.

O jogo começou e o juiz, como de praxe já foi roubando contra o seu Coelhão, todos xingavam palavrões, mas Seu Vicente só conseguia proferir “juiz ladrão!”. Nas jogadas bonitas ele batia palmas e gritava “fora de série” ou “extraordinário”. Muita finesse!

Ao fim, acho que o América ganhou, não me perguntem quem era o adversário, devia ser um dos costumeiros, Ponte Preta, Ipatinga, Democratas, e Seu Vicente ria de orelha a orelha. Deu até vontade de trocar de time. Minha irmã trocou.